Ser belo e eternamente jovem: um massacre medieval ou uma volta aos ideais helênicos?
Desde o período clássico da civilização grega, a ideia de ser
belo foi difundida e arraigada como método de padronizar a beleza externa
associando-se então a beleza ao idealismo, a perfeição e a harmonia das formas.
Visto que o belo não é uma característica da sociedade moderna, tais protótipos
fazem parte da essência humana. Quantas vezes por dia pensamos em algo
relacionado à aparência? Quantas vezes por dia o país é bombardeados com
métodos intervencionistas às imagens corporais? Essa constante busca para
atender às expectativas externas, interferem indubitavelmente no âmbito mundial.
A imagem acima retrata uma manifestação feita por mulheres misses plus size em frente ao Congresso
Nacional em Brasília, Distrito Federal, vítimas de preconceito. Preconceito
esse, intitulado pelas mesmas de “gordofobia”. São elas: Camila Bueno de 19
anos, Flávia Gomes de 29 e Evelize Nascimento de 25. Um projeto idealizado por
Janaína Graciele (à direta da imagem), com objetivos de melhorar a autoestima
de mulheres que estão acima do peso.
Pessoas independente de gêneros sexuais, buscam assiduamente
técnicas de intervenções cirúrgicas, para adequarem-se em algum padrão social. Com
corpos esculpidos por bisturis, tornam-se reféns de uma indústria que alimenta bilhões.
Visto que a sociedade criou e legitimou tais padrões, a beleza tornou-se
pré-requisito para a socialização. Nessa dura opressão, mulheres de diversos
países do mundo desconstroem um método de vida própria de sua personalidade
para se adequarem aos estereótipos, recorrendo à desconfortáveis e dolorosas situações
em clínicas estéticas. Quando nesse
momento, esquecem de que o bem estar e a felicidade não está ligada intrinsecamente
com alguns dígitos na balança.
No mundo há uma grande preocupação na forma de lidar com
esses problemas, que paulatinamente conduz à deterioração física e psíquica do
ser. O grande escritor britânico do século XIX, Oscar Wilde com seu épico
romance filosófico intitulado de O Retrato De Dorian Gray, retrata como seres
fadados à infelicidade ou a cometer atos inconsequentes são capazes de qualquer
coisas para manter o belo. “Eu irei ficar velho, feio, horrível. Mas este
retrato se conservará eternamente jovem. Nele nunca serei mais idoso do que
nesse dia de junho... Se fosse o contrário! Se eu pudesse ser sempre moço, se o
quadro envelhecesse!... Por isso, por esse milagre eu daria tudo! Sim, não há
no mundo o que eu não estivesse pronto a dar em troca. Daria até a alma!” Seja
um padrão europeu, asiático, ocidental ou brasileiro, leva-nos a acreditar em
corpos utópicos, longe de qualquer realidade apresentada pela humanidade.
Os meios midiáticos exercem papel decisivo nos ideais
corporais. Sabendo que a indústria visa o lucro obtido por tais imposições,
investindo pesado nas propagandas de TV, outdoors,
entre tantas outras maneiras de investimentos publicitários. Não é de se
espantar que o número de academias e clínicas estéticas, crescem de forma
exponencial no país. Infelizmente, diminuem absurdamente a autoconfiança, a
felicidade e o bem estar pessoal.
Houve um período em que as mulheres mais voluptuosas eram bem
vistas na sociedade. A renascença, período no qual as mulheres mais largas e
cheias eram as musas, pois levavam consigo a boa fertilidade, segundo a cultura
da época. Cuidados? Claro! Cuidar-se tem a ver com práticas saudáveis, algo que
seja prazeroso, e não por imposições. É pelas serotoninas e pelas endorfinas e
não pelos produtos sociais. A beleza é uma consequência do bem estar interior,
pois o espelho deve ser um aliado e não um inimigo.
Portanto, imposições sociais, preconceitos, protótipos supostamente
perfeitos, entre quaisquer outros métodos devem ser execrados em prol de uma
sociedade onde a liberdade esteja sempre em prioridades. Que cidadãos de todo mundo
unam-se independente das diferenças culturais para quebrar todos os paradigmas
que ousem agredir a integridade pessoal das pessoas.
Deixo dois vídeos ao qual tive interesse de retratar nesse
texto.